Em O Ditador, a produção não é um falso documentário, mas segue praticamente a mesma fórmula dos anteriores, já que é uma “excursão” (neste caso, forçada) de um estrangeiro ao “país dos sonhos”. Cohen usa muito bem o deboche, a ironia e o grotesco para fazer chocar e pensar, mostrando um caminho interessante para o humor, mas também flerta com comédias populares (mas longe de serem interessantes) como a franquia Todo Mundo em Pânico. E esse namoro é patente até pela mocinha da comédia besteirol Anna Faris, que faz par romântico com o ditador Aladeen.
As piadas mais óbvias são a garantia de um público mais amplo, ainda que elas fiquem concentradas em alguns momentos do filme. Mas o que mais chama a atenção mesmo na produção é a facilidade com que o eterno Borat ridiculariza o senso comum. Astros e estrelas de Hollywood perdem toda aura nas constantes insinuações de prostituição; as facetas pouco proveitosas de militantes políticos e a fórmula nada convincente de uma ditadura se auto proclamar República.
Mas são mesmos os ataques aos Estados Unidos as partes mais engraçadas: o medo de quem não tem cara de americano, a insinuação de que os EUA são o berço da AIDS, a referência a Dick Cheney (um dos mentores da Guerra do Golfo), como um ídolo aos ditadores e principalmente, em seu discurso final, uma nada sutil referência a um país que se diz democrático, mas que é mais ditatorial do que muitos que ele condena.
O Ditador, pode até não ser tão engraçado quanto Borat, mas está acima da média das comédias que saem de Hollywood. Mas pode ser também uma perda de tempo para quem não gosta de filmes do gênero. Para as pessoas legais eu recomendo.
Título Original: The Dictator
Direção: Larry Charles
Roteiro: Alec Berg, David Mandel, Jeff Schaffer, Sacha Baron Cohen
Elenco: Sacha Baron Cohen, Anna Faris, Ben Kingsley, John C. Reilly, Jason Mantzoukas. Participação especial de Edward Norton e Megan Fox
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2012
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