Google+ Cinema e Mídia: 4 x Cinema Argentino

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domingo, agosto 18, 2013

4 x Cinema Argentino

É fato que mesmo com a recuperação do cinema no Brasil, cada vez menos filmes nossos são lançados na Argentina, mas cada vez mais os filmes de lá vem pra cá. Quase todo ano tem pelo menos um ótimo – ou ao menos muito bom – título que chega aqui.
Nesses últimos dias vi quatro dos hermanos, que recomendo e comento sobre eles a seguir:


Tese Sobre um Homicídio

O mais recente filme do astro Ricardo Darín, e talvez um dos seus menos brilhantes, mas ainda sim acima da média. Darin faz Roberto, um professor de direito que desconfia que um de seus alunos é o autor de um brutal assassinato no campus da faculdade.
Um filme com ingredientes noir, mas com o bom tempero argentino. Se o suspeito, interpretado por Alberto Ammann, pouco faz no filme não é sem motivo. Toda teia de motivos e provas é montada pelo professor, que vai se revelando um personagem complexo: alcoólatra; separado, mas sempre liga para a ex de madrugada, abandonou a carreira de advogado e aparentemente ninguém acredita nele.
E nisso reside o grande trunfo do filme: questionar a todo momento se sua linha de raciocínio faz sentido ou não.
Além disso, tem uma boa fotografia e uma excelente montagem. A cena em que Roberto procura certo objeto em seu apartamento é antológica.

Título Tesis Sobre un Homicidio
Direção: Hernán Goldfrid
Roteiro: Patricio Vega
Elenco: Ricardo Darín, Alberto Ammann, Arturo Puig, Calu Rivero, Fabián Arenillas, Mateo Chiarino
Origem: Argentina / Espanha
Estreia: 2013


Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual

Não sei porque motivo demorei para ver este singelo filme que fala da solidão do mundo moderno. Martin (Javier Drolas) é webdesigner cheio de fobias e esquisitices, pouco sai do seu apartamento e tudo o que faz na rua é a pé. Mariana (Pilar Lópes de Ayala) é uma arquiteta que trabalha decorando vitrines de loja e é recém-separada. Os dois são praticamente vizinhos e pela apresentação dos personagens, imaginamos que será (e é) uma história de amor entre os dois.
Mas para fazer sentido o encontro do casal, é preciso antes entrarmos a fundo na mente dos personagens.
Divagações a respeito de encontrar o amor de sua vida, de como a arquitetura esconde o que é belo e nos isola; de como a tecnologia da comunicação, incluindo a internet (antes da era dos smartphones) nos afastam ainda mais do mundo real e das pessoas reais.
É uma abordagem bem diferente, mas em alguns momentos lembra o sempre simpático 500 Dias com Ela. Não há muitos diálogos, mas muitos monólogos, tão bem construídos e costurados com imagens de uma Buenos Aires vista sob outro ângulo que é impossível não admirar a produção.

Título Medianeras
Direção: Gustavo Taretto
Roteiro: Gustavo Taretto
Elenco: Javier Drolas, Inés Efron, Carla Peterson, Pilar López de Ayala
Origem: Argentina
Estreia: 2011


Nove Rainhas

Um dos melhores filmes que já vi que tem como tema “o grande golpe”. Ricardo Darín faz o golpista Marcos que quer transformar o também picareta Juan (Gaston Pauls) em seu ajudante. Marcos vive de aplicar pequenos golpes como pequenos furtos numa loja de conveniência e de extorquir dinheiro de pessoas inocentes. Juan está nessa vida por outros motivos.
Uma oportunidade única cai nas mãos dos dois: vender selos raros (e falsos) a um colecionador que está em seu último dia na Argentina. Tudo acontece tão rápido e há tantas reviravoltas que às vezes nem temos tempo de rir ou se comover com uma situação que já há uma nova complicação na sequencia.
Irônico a todo o momento, é um filme bem divertido pra ver boas atuações, com um roteiro bem encaixado, mas nada muito complexo.

Título Nueve Reinas
Direção: Fabián Bielinsky
Roteiro: Fabián Bielinsky
Elenco: Ricardo Darín, Gaston Pauls, Leticia Bredice, Ignasi Abadal
Origem: Argentina
Estreia: 2000


Elefante Branco

Tal qual no Brasil, a expressão Elefante Branco na Argentina também se refere a obras excêntricas e mal gerenciadas por governos. No caso, é um prédio abandonado na periferia de Buenos Aires, onde deveria existir o maior hospital da América Latina. É neste prédio que moram dois padres Julián (Ricardo Darín, sempre ele) e Nicolás (Jérémie Renier), dividindo o teto com outros moradores da favela, viciados e traficantes.
Julian é um padre cada vez mais cético e com uma doença, aparentemente terminal. Nicolás é um padre belga que acabou de sair da região amazônica após um massacre na vila onde exercia o sacerdócio. Há ainda uma assistente social, interpretada pela boa atriz Martina Gusman, que também pode ser vista em Abutres.
A missão dos padres é tentar tornar a vida dos moradores melhor. Há inclusive um projeto de construção de moradia popular tocado pela igreja. No entanto, a falta de infraestrutura, o desemprego, o descaso do governo, a forma de atuação da polícia e o tráfico de drogas mostram o quão pífia é ação dos párocos.
Elefante Branco, então se assume então como outras metáforas, que é atuação de todas as instituições acima citadas.
Ainda que em alguns momentos seja lento e tenha uma cena, quase no final, que me pareceu desleixo do roteiro, é um filme atordoante sobre uma cidade mitificada. Guardada as devidas proporções de foco e construção de personagens, pode ser considerado um hermano de Cidade de Deus e os Tropa de Elite.

Título: Elefante Blanco
Direção: Pablo Trapero
Roteiro: Pablo Trapero
Elenco: Ricardo Darín, Jérémie Renier, Martina Gusman
Origem: Argentina
Estreia: 2012

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