Timur Bekmambetov é um interessante diretor de filmes de
ação, mas foi um tropeço essa releitura de um dos mais icônicos filmes de todos
os tempos (o homônimo de 1959, com Charlton Heston e dirigido por William Wyler).
Fosse apenas mais um filme genérico, passaria batido, mas fazer isso com um
ícone do cinema é preciso estar à altura.
Não sou contra refilmagens e releituras, embora a maioria
seja aquém ao material original e mera fórmula de fazer dinheiro com a
inocência do espectador. Há casos que funciona, como em Mogli – O menino lobo,
Caça-Fantasmas e Robocop, ainda que a bilheteria não concorde comigo.
Refilmar Bem-Hur é outra coisa, assim como seria complicado
refilmar E o vento levou.... (que eu não gosto) ou Titanic. Aliás, em 1997 já
haviam feito uma refilmagem medíocre de O Iluminado. Deveriam saber que não
compensa.
Dito isto, o longa com os inexpressivos Jack Huston (Ben-Hur)
e Toby Kebbell (Messala) não é um desastre total. Sejamos sinceros Charlton
Heston sempre foi um canastrão, mesmo tenho ganho Oscar, então tudo bem. A
história tem ritmo, você se empolga com a história e as cenas de ação são bem-feitas,
principalmente a do navio e sem dúvida a corrida de bigas. Pena que pare por
aí.
Transformar Messala em irmão de Ben-Hur foi uma tentativa desnecessária
de afirmar a masculinidade dos protagonistas, mas o resultado foi por água
abaixo. O personagem de Morgan Freeman, em uma interpretação sem vida chega a
ser patética, inclusive na cena da corrida de bigas, onde ele, enquanto
treinador fica gritando para Ben-Hur o que ele tem que fazer para vencer. Pode
até ser que alguém ache que era apenas uma torcida e que o herói não ouvia,
porque seria impossível pelo barulho dos cavalos, da multidão no circo e na
atenção às rédeas, mas a gente vê em mais de um momento o rei traído olhando
para seu instrutor, que havia mencionado antes da corrida onde estaria para
passar instruções. Lamentável.
Triste também que Idarin tenha sido chamado de africano,
algo que seria impensável para quem conhece, minimamente, um pouco de história.
Por fim, Rodrigo Santoro como Jesus não me surpreendeu, mas
também não deixou a desejar, assim como a redenção de Esther (Nazanin Boniadi),
pareceu-me justa. O tom, mais religioso que o original, não seria problema se
fosse bem feito, mas o final piegas de redenção é uma afronta ao bom senso. Faz
parecer o final do pistoleiro em Esquadrão Suicida perfeitamente crível frente
ao que acontece aqui.
Como filme de ação, este Ben-Hur fracassa por ser irregular
e sem expressão. Mas como filme religioso é um pecado.
0 comentários:
Postar um comentário